Os ensinamentos de Buddha

Introdução ao Budismo

por Geshe Rabten Rinpoche

O Budismo não é uma tradição estranha de certa terra estrangeira, ou um método para escaparmos de nossas responsabilidades, sequer uma coleção de palavras secas, registradas em livros ou bibliotecas. Embora tais opiniões estejam em voga atualmente, elas não correspondem ao significado verdadeiro do que é o Budismo. Vamos tentar superar essas concepções equivocadas!

Metas Fundamentais

Sejam humanos ou animais, todos os seres neste mundo aspiram sempre ao mesmo objetivo: atingir a felicidade e eliminar o sofrimento. Geralmente, não prestamos atenção em nossas atividades ou nas dos outros, e por isso, não nos tornamos cientes deste fato. Embora passemos toda nossa vida aspirando à obtenção destes resultados, parece que nunca os atingirmos de forma completa. A verdadeira felicidade, esta felicidade duradoura que buscamos sempre nos escapa; além disso, nas profundezas de nossa consciência, permanece um sofrimento fixo. Em nossa busca por realização, construímos ruas, escolas, hospitais e assim por diante. Isto tudo nos dá alívio temporário e satisfação, mas é incapaz de eliminar as raízes de sofrimento físico e mental. Pelo contrário – vemos que o crescimento constante do desassossego mental acompanha o crescimento da tecnologia. Por que isto acontece – apesar de nossos esforços tremendos? Seria esta uma indicação de que nossos esforços não estão aplicados no ponto adequado?

A Causa

Em geral, achamos que as circunstâncias externas são a causa de nossos problemas, e, portanto, tentamos influenciá-las e superá-las. É claro que ninguém pode negar que as circunstâncias externas têm um efeito em nossas vidas e que elas nos provocam sofrimento. Mas, assim que reconhecemos que a raiz de nossos problemas jaz nas profundezas de nossa própria consciência, e que as situações externas são apenas fatores contributivos, percebemos que as mudanças na situação externa jamais conduzirão – por si só -, a uma solução satisfatória. Mas o que há em nos que nos prova sofrimentos permanentemente? É o autoapreço, valorizar-se a si, desconsiderando os outros. Esta é a causa de todos os conflitos, das guerras entre as nações, das disputas familiares e mesmo das brigas entre os insetos. Sem este autoapreço, não haveria nenhum desses problemas. Aquele que pensa apenas em si próprio é como uma pessoa cujo corpo está totalmente coberto por feridas. Aonde quer que se dirija, o que quer que faça, as feridas sempre farão com que a pessoa se sinta desconfortável. Do mesmo modo, jamais seremos felizes enquanto nossa consciência for comandada pelo autoapreço: mesmo em situações agradáveis, uma ganância incansável por algo mais sempre nos separará de toda a calma e felicidade duradoura.

O Remédio

Entretanto, se o autoapreço for reduzido, a força do ódio e da ganância também diminuirá. E quanto mais esses fatores forem decrescerem, mais nosso amor pelo próximo, nossa satisfação e realizações aumentarão. Mas, onde podemos encontrar os meios que possibilitam tal mudança em nossa consciência? Eles podem ser encontrados nos ensinamentos do Buddha. Portanto, o caminho mostrado por Buddha é extremamente precioso para todos aqueles que buscam a felicidade sinceramente – sejam eles budistas ou não-budistas -, e, portanto, o Budismo só pode ser compreendido como o meio de superar o sofrimento mental e realizar o bem-estar pessoal e alheio.

O Resultado

Todos sabemos o quanto apreciamos ser bem-tratados pelos outros. Da mesma forma, devemos entender que, igualmente, os outros também apreciam ser bem-tratados por nós. Quando o amor ao próximo se fortalece, o autoapreço, ódio e ganância desaparecem, e nós e os outros temos experiências de alegria, quietude e felicidade. Todas as disputas entre as pessoas, até mesmo os conflitos entre nação, são resolvidos, tão logo o autoapreço é substituído pelo amor ao próximo. Por esta razão, o amor ao próximo é a origem do bem-estar individual e coletivo, tanto nos assuntos mundanos quanto nos espirituais. Adquirir esta percepção é o ponto central da prática do Budismo. E o melhor meio de beneficiar os outros é oferecendo-lhes a possibilidade de que libertem suas próprias mentes do autoapreço, desenvolvendo amor pelos outros.

© 25.03.24 Rabten Choeling • EditorialData protection